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Cinco estratégias que os governos estão utilizando para responder à violência contra mulheres e crianças durante a COVID-19
28 Apr 2020
© UNICEF/UNI315905/@_girl_from_pluto@_girl_from_pluto é parte de um pequeno grupo de fotógrafos adolescentes que compartilham o desejo por novas inspirações e a tenacidade de continuar documentando suas vidas através da fotografia. Ele/as usaram o Instagram para criar o ‘Fotos para Adolescentes na Covid-19’ e provêm de lugares como Dinamarca, Índia, Canadá e Estados Unidos.
Embora o mundo tenha sido pego de surpresa pelo tamanho e pelas ramificações da crise da COVID-19, ele deveria estar preparado para responder aos riscos crescentes ao bem-estar e à segurança de mulheres e crianças. A violência contra as mulheres e a violência contra as crianças são disseminadas globalmente e intrinsicamente conectadas, tendo em comum fatores de risco e profundas e similares consequências adversas. A literatura sobre pandemias pode ser limitada, mas temos evidência suficiente para dizer, sem sombra de dúvida, que fatores relacionados, como o confinamento, o isolamento social, níveis aumentados de estresse financeiro e respostas institucionais fracas, podem elevar ou intensificar os graus de violência.
“De fato, ao longo do mês passado, notícias alertaram para a ‘tempestade perfeita’, que se manifestou em mais chamadas para linhas telefônicas de ajuda, serviços on-line de apoio e boletins de ocorrência.”De fato, ao longo do mês passado, notícias alertaram para a “tempestade perfeita”, que se manifestou em mais chamadas para linhas telefônicas de ajuda, serviços on-line de apoio e boletins de ocorrência. Organizações multinacionais agiram rapidamente, emitindo declarações que alertavam sobre o aumento do risco das duas formas de violência, enquanto pesquisadores revisavam evidências de crises passadas, propondo políticas para mitigar danos potenciais a populações em situações de vulnerabilidade. Enquanto os governos incrementam as respostas à COVID-19, o que está realmente sendo feito para combater a violência?
1. Expansão das linhas telefônicas de ajuda e compartilhamento de informação
A informação está sendo largamente compartilhada através de manuais, recursos e ações de defesa visando amigos e familiares. O programa Parenting for Lifelong Health compilou um guia comprovadamente eficaz para a conduta segura de pais durante a quarentena. Linhas telefônicas de ajuda e plataformas de apoio on-line estão sendo expandidas ou criadas. A Itália, um dos países mais atingidos pela pandemia, está evitando “uma emergência dentro de uma emergência” por meio da linha telefônica de ajuda 1522 para violência e perseguição. Muitos outros países estão se comprometendo a manter linhas telefônicas de ajuda e canais de informação abertos durante e após o pico da COVID-19.2. Criação de abrigos e de outras opções de acomodação segura para sobreviventes
Muitos países reconhecem que alojamentos seguros são necessários em tempos de quarentena. Acomodações seguras permitem que as sobreviventes (e os menores que os acompanham) evitem temporariamente seus agressores. Como parte do pacote de ajuda para enfrentar COVID-19, o Canadá distribuiu 50 milhões de dólares canadenses entre abrigos para mulheres e centros para agressão sexual [18 de março]. Na França, um reforço de 1,1 milhão de euros em financiamento para organizações antiabuso incluíram 20 mil pernoites em hotéis para sobreviventes se protegerem de parceiros abusivos [30 de março]. Em Trento (Itália), um promotor decretou que, em situações de violência doméstica, o agressor deve deixar a casa, ao invés da vítima [28 de março]. Decretos semelhantes foram feitos na Áustria e Alemanha. Apesar da decisão ser louvável, ela faz com que garantir a segurança de sobreviventes que permaneceram em casa seja um desafio, uma vez que os agressores conhecem o local e talvez tenham acesso a ele.Julia, 16 anos, assiste a aulas on-line em casa, enquanto seus pais realizam teletrabalho durante o surto de Coronavírus em Nova Iorque